domingo, 3 de junho de 2012

Quase

     Há muito tempo, recebi um e-mail da minha mãe, com um poema. Mas, ainda hoje, ele faz muito sentido pra mim, por conta dessa minha "maldita mania de viver no outono"...



Quase
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. 

(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Os bastidores do Aviva

Eu canto pra Deus e amo isso. Eu sei que não há quem não goste de música, mas as canções que fazem com que as pessoas sintam o desejo de recomeçar, o desejo do perdão, da bondade, do amor, são as minhas favoritas. E eu faço isso com mais um monte de gente que quer que os Filhos tenham uma vida digna, sem mediocridades. Os que estão mais perto (pra que a história faça sentido) são: Bruno, Juninho, Elias, Gaitêro e Rodrigo.
E foi assim que passamos o carnaval: no Aviva,  um retiro maravilhoso, no qual cantamos, conduzimos e fizemos nosso primeiro show, que foi lindo, pois contou com a participação especial de muita gente boa: Thiago, Meire, Rogério, Júlio e Danilo (vocês são demais).
Embora tudo tenha sido muito bom, um momento em especial, me fez retomar o desejo de seguir. Mas, antes, é preciso conhecer outra história.
Existe um homem chamado Beto, muito conhecido no meio católico por tocar bateria, até que resolveu que o que ele queria mesmo era ser maquinista. Isso mesmo, maquinista.
O Juninho contou essa história pro Bruno, lá na casa de oração onde os meninos estavam hospedados e eles acharam, no mínimo, muito curiosa. Foi aí que eles resolveram me enganar.
Quando o retiro já estava no fim, nos sentamos na arquibancada mega cansados, para aguardar o início da Santa Missa. Então o Juninho disse que precisava conversar conosco; disse que não dava mais.
Pausa.
Eu imaginei que ele já tivesse sido chamado pra Canção Nova, ou que ele não fosse mais conseguir conciliar as duas coisas, mas ele disse que tinha algo que ele gostava mais de fazer do que tocar. O Bruno logo perguntou “Mas o que você gosta mais de fazer do que tocar?” e ele falou que assim que chegasse em Mogi Mirim, ia correr atrás do sonho dele que era SER MAQUINISTA    .
Pausa.
De repente, risos.
O sentimento de tristeza foi tão forte que, mesmo depois da piada, eu não conseguia parar de chorar (eu sou assim mesmo, maior manteiga derretida) e, logo em seguida, veio um sentimento forte de amizade e eu comecei a pensar em tudo que eu queria falar pro Ministério de Música e ficava idealizando, aguardando o momento certo, e nunca conseguia expressar.
Eu sou insegura no palco, às vezes, tenho medo. Mas quando eu olho pra trás e vejo aquelas pessoas dando o melhor de si, lutando pra dar tudo certo, eu enfrento qualquer coisa.
E foi isso que eu disse.
De repente, choro.
E todos nós entendemos por que fomos chamados para o Aviva. 



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A grande questão

Finalmente, o Ano Novo chegou. Confesso que chorei assim que vi o colorido e ouvi as explosões dos fogos, anunciando o encerramento de um ano não muito bom; eu sou chorona, mas é que 2011 foi bem ingrato comigo! Claro que muita coisa boa também aconteceu, mas estou aliviada! Acabou!
E, para dar o ponta pé inicial em 2012, um livro muito bonitinho que me faz rir e refletir:


 “É para festejar seu aniversário que você está aqui na Terra”, responde o irmão.
E o gato diz: “Você veio ao mundo para ronronar. E um pouco também por causa dos ratos”.
O piloto diz: “Você está aqui para beijar as nuvens”.
A avó: “Para que eu possa mimar você, é claro!”.
O passarinho: “Para cantar a sua canção!”.
O comilão: “Para comer bem! Aí está o porquê”.
O três: “Para saber, um dia, contar até três”.
O soldado: “Você está aqui para obedecer”.
O cachorro: “Estamos aqui na Terra para latir, eu acho. E, às vezes, uivar para a Lua”.
O marinheiro: “Para navegar por todos os mares”.
A morte: “Você está aqui para amar a vida”.
A pedra: “Você está aqui para estar aqui”.
O pai: “Porque sua mãe e eu nos amamos”.
O jardineiro: “Você veio ao mundo para aprender a ser paciente”.
O cego: “Para confiar”.
O padeiro: “Você está aqui para acordar cedo”.
O pato: “Não faço a menor idéia”.
A irmã: “Você também está aqui para amar a si mesmo”.
O coelho: “Você está aqui para receber muito carinho”.
O lutador de boxe: “Para ir à luta!”.
E a mãe: “Você está aqui porque eu te amo”.
Quando você crescer, vai encontrar outras respostas para a grande questão.
Wolf Erlbruch
E você, já encontrou sua resposta?